segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Roteiro por freguesias - ALJUBARROTA


ALCOBAÇA
Roteiro por freguesias  - Origem dos nomes
             
Aljubarrota

A ideia para este novo tema do “meu” ARCO  da MEMÓRIA nasceu quando estive na inauguração do monumento aos Combatentes da freguesia de Aljubarrota que teve lugar em 1 de dezembro corrente.
O mapa da freguesia reproduzido na base do monumento fez-me questionar qual seria a origem dos nomes de todos aqueles lugares, a começar pela freguesia.
Atualmente ainda não se sabe exatamente quando surgiu o povoação de Aljubarrota, dado que o povoamento da região remonta ao período neolítico (Carvalhal de Aljubarrota, por exemplo, possui uma estação neolítica).
Mas quanto à origem no nome existem algumas referências a ter em conta:
Num relatório paroquial da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, pode ler-se:
"Aljubarrota, que no arábigo quer dizer campina aberta, foi uma vila antiquíssima, ... e sem embargo que não há certeza da sua fundação; poucos annos, lá se descobrio junto della numa pedra, da qual já não há notícia, por onde constava ser a sua fundação, dos tempos dos romanos..."
Sabe-se que próximo de Aljubarrota existiu uma grande cidade Romana a que chamavam Arruncia.
No entanto o nome Aljubarrota terá muito provavelmente origens árabes, aquele povo, durante a sua longa ocupação, terá denominado a povoação aqui existente de Aljobbe (que significa poço, cisterna ou cova funda) que mais tarde derivou para Aljubarota.
 Há documentos antigos que se lhe referem como Aljumarrota (Aliuma Rupta num texto de 1153), o que faz lembrar o árabe al hamma, 'fonte de água morna', com o sufixo -rota que aparece em vários outros topónimos.

El-Rei D. Afonso Henriques, nas doações de 1153 e 1183 chama a este povoado Aljamarôta.
.Teve Carta de Foral antigo outorgado pelo Abade de Alcobaça D. Martinho I, renovado pelo rei D. Manuel I em 1514. Foi uma das treze vilas que constituíram os Coutos da Abadia Cisterciense de Alcobaça.
Aljubarrota  tem o seu nome  ligado à célebre batalha que deu a vitória ao rei D. João I, em 14 de Agosto de 1385, contra o invasor castelhano. Tornou-se um dos mais fortes símbolos de independência, coesão e orgulho nacional.
A situação de Aljubarrota, numa linha de alturas que se prolongava até aos campos de S. Jorge, tornou privilegiada a sua geografia para ser escolhida como palco da famosa batalha, tendo na retaguarda as terras férteis do Mosteiro de Alcobaça e situando-se na encruzilhada de estradas que iam dar a Lisboa.
Aljubarrota foi e sede de concelho até ao início do século XIX, aquando da reorganização administrativa de 1855. O seu território dividiu-se a em duas freguesias até 2013.
Foi extinta nesse ano no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de São Vicente de Aljubarrota, para formar uma nova freguesia denominada Aljubarrota

Anteriormente à reforma administrativa as localidades da freguesia de Prazeres de Aljubarrota eram 18.

·         1 Boavista
·          2 Cadavosa
·         3 Carrascal
·         4 Carvalhal de Aljubarrota
·         5 Casal de Além
·         6 Casal da Eva
·         7 Casal do Rei
·          8 Covões
·         9 Chiqueda, ou "Chequeda" ou "Chaqueda"
·          10 Fonte do Ouro
·         11 Ganilhos
·         12 Lagoa do Cão
·         13 Lameira
·         14 Longras
·         15 Moleanos, ou "Molianos" (partilhada com a freguesia de Évora de Alcobaça)
·         16 Ponte Jardim
·         17 Quinta Nova
·         18 Riba Fria

As localidades de São Vicente de Aljubarrota eram 19.:

·         1 Ataíja de Baixo
·         2 Ataíja de Cima
·         3 Cadoiço
·          4 Casais de Santa Teresa
·         5 Casal do Rei
·         6 Chãos
·          7 Cumeira de Baixo
·          8 Mogo
·          9 Olheiros
·          10 Val Vazão
·         11 Carvalhal
·          12 Moleanos ( uma parte)
·         13 Ganilhos
·         14 Chiqueda
·         15 Carrascal
·         16 Lagoa do Cão
·         17 Covões
·         18 Lameira
·         19 Boavista (uma parte)

A Vila é rica em motivos arquitetónicos, memórias históricas e pedras ancestrais, que constituem um museu vivo da História portuguesa.
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sábado, 24 de novembro de 2018

Edifícios com história - HOSPITAL DE ALCOBAÇA


Edifícios com História (12)

 Hospital Bernardino Lopes de Oliveira de Alcobaça
O Hospital de Alcobaça é um edifício centenário cuja planta foi elaborada por Raphael da Silva Castro com indicações fornecidas pelo então Provedor da Misericórdia de Alcobaça, Bernardino Lopes de Oliveira, e por alguns médicos conceituados naquela época.
 Segundo a descrição do Dr. Francisco Zagallo (1890), o hospital foi intencionalmente construído numa zona alta e isolada, sobranceira à vila e com boa exposição ao sol.  
A preocupação com a ventilação e higiene foi uma realidade observada na superfície lisa do estuque dos tetos e paredes, a par de preocupações  com o conforto dos doentes e seus cuidadores.
 Em 6 de Fevereiro de 1888 o Governador Civil de Leiria autorizou a adjudicação do Hospital e em 18 de Abril do mesmo ano fizeram o assentamento da pedra fundamental deste edifício.

 A sua edificação importou em 15 mil reis tendo sido custeado pelo Estado, Câmara Municipal e particulares.
«O Hospital de Alcobaça, inaugurado em 16 de Agosto de 1890, foi uma obra exemplar, em que do nada fizeram muito,  mostrando como um grupo de pessoas motivadas e de vontades inquebrantáveis, unidas no propósito de bem servir Alcobaça, conseguem mover montanhas e criar obra.»
 Há mais de cem anos, teve a Misericórdia Provedores notáveis pela obra que deixaram, nomeadamente Bernardino Lopes Oliveira e Francisco Baptista Zagalo. Partindo do zero, deram corpo a um novo Hospital de Alcobaça, mercê de muito empenho pessoal, dinamização de benfeitores e generosas doações. Hospital este que hoje está bem na ordem do dia.

O Hospital de Alcobaça foi muitos anos mais tarde  integrado no centro Hospitalar de Leiria e Pombal

«O Ministro da Saúde anunciou esta manhã a futura integração do Hospital de Alcobaça no Centro Hospitalar de Leiria e Pombal. A medida carece ainda de enquadramento jurídico mas Paulo Macedo garante que vai ocorrer brevemente. O ministro presidiu hoje à inauguração da renovada Urgência do Hospital de Santo André em Leiria. (8.maio.2012)»

 A partir de 1 de Setembro de 2013, e em conformidade com o Decreto-Lei nº 116/2013, o Hospital de Alcobaça passou a integrar o Centro Hospitalar de Leiria.
A área de atração da Unidade de Alcobaça abrange, de acordo com número do INE a 2011, cerca de 98.000 habitantes residentes nos concelhos de Alcobaça (com exceção das freguesias de Alfeizerão, Benedita e S. Martinho do Porto) e Nazaré.

Em 14 de Janeiro de 2017 noticiou o ”Região de Cister” que o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS) da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) confirmou que o Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (HABLO) cumpre os parâmetros de qualidade exigidos em todas as dimensões em avaliação: “segurança do doente”, ”instalações e conforto”, “focalização no utente”, e “satisfação do utente”.. 
E termino com um testemunho pessoal. Nos tempos da Guerra do Ultramar fui, como miliciano, Enfermeiro militar. Antes de ser mobilizado para a Guiné em meados de 1964 tinha estado cerca de 2 anos no Hospital Militar Principal, de Lisboa. Tinha tido experiência de organização hospitalar mas prática de primeiros socorros – com sangue ao vivo e pernas partidas - era muito pouca para não dizer nenhuma. Por isso, antes de embarcar para a Guiné, estive a estagiar por minha iniciativa no banco de urgências do Hospital de Alcobaça. O Enfermeiro Torres – que infelizmente já não está no mundo dos vivos - ensinou-me mais em 10 dias do que eu tinha aprendido no tempo todo do CSM(Curso de Sargentos Milicianos). Estou-me a referir a primeiros socorros. Mais uma vez o meu eterno agradecimento ao Enfermeiro Torres.
Os Hospitais são edifícios com muita história mas sem as pessoas não funcionariam.


Edifícios com história - Hospital de Alcobaça

EDIFÍCIOS COM HISTÓRIA (12)
 Hospital Bernardino Lopes de Oliveira de Alcobaça 

O Hospital de Alcobaça é um edifício centenário cuja planta foi elaborada por Raphael da Silva Castro com indicações fornecidas pelo então Provedor da Misericórdia de Alcobaça, Bernardino Lopes de Oliveira, e por alguns médicos conceituados naquela época. Segundo a descrição do Dr. Francisco Zagallo (1890), o hospital foi intencionalmente construído numa zona alta e isolada, sobranceira à vila e com boa exposição ao sol. A preocupação com a ventilação e higiene foi uma realidade observada na superfície lisa do estuque dos tetos e paredes, a par de preocupações com o conforto dos doentes e seus cuidadores. Em 6 de Fevereiro de 1888 o Governador Civil de Leiria autorizou a adjudicação do Hospital e em 18 de Abril do mesmo ano fizeram o assentamento da pedra fundamental deste edifício.. A sua edificação importou em 15 mil reis tendo sido custeado pelo Estado, Câmara Municipal e particulares.

 «O Hospital de Alcobaça, inaugurado em 16 de Agosto de 1890, foi uma obra exemplar, em que do nada fizeram muito, mostrando como um grupo de pessoas motivadas e de vontades inquebrantáveis, unidas no propósito de bem servir Alcobaça, conseguem mover montanhas e criar obra.» Há mais de cem anos, teve a Misericórdia Provedores notáveis pela obra que deixaram, nomeadamente Bernardino Lopes Oliveira e Francisco Baptista Zagalo. Partindo do zero, deram corpo a um novo Hospital de Alcobaça, mercê de muito empenho pessoal, dinamização de benfeitores e generosas doações. Hospital este que hoje está bem na ordem do dia. O Hospital de Alcobaça foi muitos anos mais tarde integrado no centro Hospitalar de Leiria e Pombal «O Ministro da Saúde anunciou esta manhã a futura integração do Hospital de Alcobaça no Centro Hospitalar de Leiria e Pombal. A medida carece ainda de enquadramento jurídico mas Paulo Macedo garante que vai ocorrer brevemente. O ministro presidiu hoje à inauguração da renovada Urgência do Hospital de Santo André em Leiria. (8.maio.2012)» A partir de 1 de Setembro de 2013, e em conformidade com o Decreto-Lei nº 116/2013, o Hospital de Alcobaça passou a integrar o Centro Hospitalar de Leiria. A área de atração da Unidade de Alcobaça abrange, de acordo com número do INE a 2011, cerca de 98.000 habitantes residentes nos concelhos de Alcobaça (com exceção das freguesias de Alfeizerão, Benedita e S. Martinho do Porto) e Nazaré. Em 14 de Janeiro de 2017 noticiou o ”Região de Cister” que o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS) da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) confirmou que o Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (HABLO) cumpre os parâmetros de qualidade exigidos em todas as dimensões em avaliação: “segurança do doente”, ”instalações e conforto”, “focalização no utente”, e “satisfação do utente”.. E termino com um testemunho pessoal. Nos tempos da Guerra do Ultramar fui, como miliciano, Enfermeiro militar. Antes de ser mobilizado para a Guiné em meados de 1964 tinha estado cerca de 2 anos no Hospital Militar Principal, de Lisboa. Tinha tido experiência de organização hospitalar mas prática de primeiros socorros – com sangue ao vivo e pernas partidas - era muito pouca para não dizer nenhuma. Por isso, antes de embarcar para a Guiné, estive a estagiar por minha iniciativa no banco de urgências do Hospital de Alcobaça. O Enfermeiro Torres – que infelizmente já não está no mundo dos vivos - ensinou-me mais em 10 dias do que eu tinha aprendido no tempo todo do CSM(Curso de Sargentos Milicianos). Estou-me a referir a primeiros socorros. Mais uma vez o meu eterno agradecimento ao Enfermeiro Torres. Os Hospitais são edifícios com muita história mas sem as pessoas não funcionariam.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Edifícios com história - Palacete de Augusto Jorge

PALACETE DE AUGUSTO JORGE 

 O seu Palacete começou por ter outra designação: a “Casa da Cerca do Colégio”, implantado no ângulo Sul da cerca do Mosteiro de Alcobaça. É de arquitetura residencial ,oitocentista , tendo o edifício 2 pisos. O nível de terreno , que limita a quinta, existe desde a devastadora inundação de 1772. O complemento do nome “do Colégio” terá provavelmente origem no Colégio da Conceição fundado na velha abadia, perto do rio Alcoa, no século XVII. Depois da reparação da ala sul, o Colégio foi deslocado para ali.Na entrada da Casa Principal existe uma epígrafe no arco com a data de “1862”. O palacete foi construído entre 1856 e 1906.

 É agora tempo de referir alguns elementos biográficos de Augusto Jorge – de nome completo “Augusto Rodolfo Jorge”- que nasceu no Porto em 29 de Junho de 1847. Veio para Alcobaça em 1866, com apenas 19 anos de idade, acompanhando o seu pai, Bernardo Francisco Jorge, médico de profissão. O desempenho e a competência deste no combate a doenças epidémicas do tempo valeram-lhe ser agraciado pelo rei D.Pedro V. Augusto Jorge ,que começou per ser funcionário da Recebedoria do Concelho, foi figura de vulto na vida cultural de Alcobaça, nomeadamente como artista e cenógrafo amador. Foi também colaborador dos jornais da época “Correio de Alcobaça” e “Semana Alcobacense” e um dos fundadores da Biblioteca e Gabinete de Leitura, anexos ao Clube Alcobacense. Casou com uma senhora de Alcobaça, D.Clotilde Pereira da Trindade, irmã da mulher do Dr.Zagalo. Tiveram um filho – Olímpio Jorge - que herdou a afetividade e extrema bondade de seu pai. Augusto Jorge faleceu em Alcobaça em 23 de maio de 1920 com 73 anos de idade. O filho Olimpio Jorge ficou a viver no sumptuoso Palacete encostado ao ângulo Sul da cerca do Mosteiro de Alcobaça. Ainda conheci essa importante figura da sociedade alcobacense nos anos 50 e 60,e julgo que ao tempo o histórico edifício era conhecido entre os alcobacenses como o “Palacete de Olímpio Jorge”. Passaram os anos e o edifício degradou-se. Foi um casal alemão que há cerca de 20 anos recuperou o palacete construído, como atrás referimos, entre 1856 e 1906. Nos primeiros tempos foi a sua casa de férias, situação que se veio a alterar. Resolveram converter a sua casa de férias em turismo de habitação. Para além do património edificado existe uma propriedade excecional de 7 hectares, que é a antiga Quinta da Cerca do Colégio. Atualmente, continua a ter prado, laranjal, horta, jardim francês e piscina, para total usufruto dos hóspedes. Dentro do solar, existem seis suites, com decoração clássica e elegante que se adequa à traça original do edifício secular. Situado na zona histórica de Alcobaça, o Solar da Cerca do Mosteiro está em funcionamento desde o início de fevereiro de 2015. Trata-se de uma unidade de turismo de habitação que além de alojamento oferece também a vertente de organização de eventos. “A propriedade é de um casal de alemães que, estando na Alemanha, quiseram dar outra utilidade à quinta e eu aceitei esta oportunidade que surgiu”, explica Madalena Tavares, sócia gerente do Solar da Cerca do Mosteiro, a trabalhar em Turismo há cinco anos. “A vantagem desta unidade é que está dentro da cidade; por isso, o turista que neste momento quiser uma oferta de qualidade dentro da cidade tem aqui essa oferta”, adianta a sócia gerente. A antiga “Casa da Cerca do Colégio”, implantado no ângulo Sul da cerca do Mosteiro de Alcobaça, além de carregada de história é “mais-valia” para o centro histórico da cidade.